O termo dor crônica vem sendo substituído pelo termo dor persistente e é cada vez mais comum nos consultórios e clinicas médicas, sendo responsável por uma grande taxa de incapacidade e altos custos em diversos países do mundo. Por exemplo, os custos com a Dor lombar persistente estão entre 12.2 e 90.6 bilhões de dólares nos EUA e os custos com dores no ombro ficaram em aproximadamente 7 biliões de dólares no Canada no ano 2000.
Dor persistente é tida como um quadro que permanece continuo por um longo período (maior que 12 semanas) ou que permanece mesmo após o período esperado de cicatrização do tecido lesado. Esta situação pode levar o paciente a uma queda no seu rendimento no trabalho, na qualidade do seu sono e nas suas atividades de vida diária.

Por muito tempo as pesquisas na área de dor seguiram o modelo biomédico, que tinham como objetivo entender como os mecanismos de lesão tecidual iriam gerar o quadro de dor no paciente.

Entretanto a pesquisa em dor tem mudado e dado cada vez mais importância à busca do entendimento sobre outros fatores que influenciam o quadro da dor persistente (como, por exemplo, as alterações no sistema nervoso central).
Neste contexto o tratamento para dor persistente evoluiu do modelo biomédico para o modelo biopsicossocial. Neste novo modelo diversos fatores como expectativas do paciente em relação ao tratamento, stress (que irá gerar um aumento dos estímulos considerados nocivos pelo cérebro, consequentemente, gerando quadro de dor) e cinesiofobia (ou seja, o medo de movimentos específicos) são tratados por uma equipe multidisciplinar especializada (onde se incluem fisioterapeutas, psicólogos, médicos e educadores físicos).

A abordagem biopsicossocial tem como foco o paciente como um todo e não apenas o membro ou estrutura lesada.

O foco principal desse tipo de abordagem é informar ao paciente como a dor é processada no sistema nervoso central e deve ser utilizada associando diversas técnicas, que variam de acordo com a especialidade. No caso da fisioterapia, técnicas como a exposição gradual ao exercício (onde o paciente é exposto gradativamente a uma atividade que julga ser “lesiva”), atividades aeróbicas, trabalho de controle motor e orientações sempre com foco no bem-estar de cada paciente.
Exercícios ativos são descritos na literatura atual como efetivos para diversas condições de dor persistente, porém a correta orientação em relação a qual exercícios e a dose a ser aplicada é um fator primordial para que esta melhora ocorra em um menor período de tempo.


Referências

Macedo LG, Latimer J, Maher CG, et al. Effect of motor con¬trol exercises versus graded activity in patients with chronic nonspecific low back pain: a randomized controlled trial. Phys Ther 2012;92:363-77.

Hoffmann TC, Maher CG, Briffa T et. Al. Prescribing exercise interventions for patients with chronic conditions. CMAJ. 2016.

Magalhaes MO, França FJR, Burke TN, et. Al. Efficacy of graded activity versus supervised exercises in patients with chronic non-specific
low back pain: protocol of a randomized controlled trial. BMC Musculoskeletal Disorders. 2013.

Borstad J, Woeste C. The role of sensitization in musculoskeletal shoulder pain. Braz J Phys Ther. http://dx.doi.org/10.1590/bjpt-rbf.2014.0100

Chester R, Jerosch-Herold C, Lewis J, et al. Br J Sports Med Published Online
First: doi:10.1136/ bjsports-2016-096084

Gatchel RJ, Peng YB, et. Al. Psychological Bulletin. 2007.

Jamieson-Lega K, Berry R and Brown CA. Pacing: A concept analysis of a chronic pain Intervention. Pain Res Manag.2013.