Entorses de tornozelo são as queixas mais frequentes relacionadas a trauma em ambiente de pronto atendimento. Em sua maioria, as entorses de tornozelo causam lesões ligamentares, que tem bom prognóstico quando manejada por uma equipe multiprofissional que envolve médico e fisioterapeuta, e, geralmente, não requerem muitos exames subsidiários, que encarecem e prolongam o tratamento dos pacientes.

No entanto, é muito importante que seja realizado um exame clínico detalhado em um momento inicial ao trauma, uma vez que diversos fatores podem influenciar nos desfechos e diagnósticos dessa lesão, como por exemplo tipo de trauma (choque, queda, trauma ligado ao esporte), posição do tornozelo e do pé, direção da entorse, além da qualidade do osso e dos tecidos moles adjacentes à lesão.

A avaliação clínica leva em consideração a palpação de estruturas ósseas, tendíneas, ligamentares e articulares, além de testes específicos para avaliar a integridade dessas estruturas pós-lesão. A literatura atual traz também como diretrizes clínicas para avaliar a presença de fratura de tornozelo as “regras de Ottawa”, que são um conjunto de regras para auxiliar a equipe de saúde no momento do primeiro contato, evitando por muitas vezes a realização de exames de imagem sem necessidade, que podem ser pouco custo-efetivos e tornarem mais lentos os processos de diagnóstico e plano de tratamento desse paciente. As regras de Ottawa são simples de serem avaliadas e podem ser realizadas em ambientes diversos, para avaliação imediata e envolvem presença de dor à palpação de estruturas da articulação do tornozelo e capacidade de caminhar sem ajuda.

Caso a hipótese de fratura ou lesão ligamentar severa seja confirmada por exame físico da equipe de saúde e exames de imagem, o tratamento cirúrgico é recomendado em caráter emergencial, e requer realização de fisioterapia no momento pós operatório, onde serão realizados durante o período de imobilização, exercícios para as articulações adjacentes (joelho e quadril), controle de dor e edema e exercícios para ganho de amplitude de movimento, além de orientações domiciliares. Após a retirada da imobilização, o paciente poderá realizar exercícios para restaurar a amplitude de movimento, ganho de força, treino de marcha e exercícios para controle motor.

Porém, na maioria dos casos, a alternativa do tratamento conservador é a mais indicada, onde o fisioterapeuta irá discutir com o paciente as metas terapêuticas a serem alcançadas para um retorno completo à função e prevenção de recidivas. Dentro das modalidades de tratamento realizadas durante o tratamento conservador estão além de recursos analgésicos para controle de dor e edema (caso estejam presentes), exercícios de reequilíbrio muscular, trabalhos de controle motor e exercícios de fortalecimento, treino de marcha e retorno à função.

O tempo total de reabilitação pode variar de 6 a 8 meses em caos cirúrgicos e até 6 meses em casos conservadores e são cruciais a assiduidade do paciente nas sessões de fisioterapia e aderência a orientações domiciliares, além do diálogo entre a equipe multiprofissional e o paciente, para que sejam alinhadas expectativas e objetivos para retorno à atividades de vida diárias, laborais e esportivas.